Era uma vez um garoto que acreditava no verdadeiro espírito do natal. Sabia que não se tratava de uma data como os adultos a consideravam: um dia para pessoas sozinhas e tristes se juntarem e se empaturrarem afim de apagar com a comida seu eterno vazio. A verdade do natal estava nos presentes que ganhava, esse sim era o espírito do natal. Papai Noel, sabendo o quanto se esforçara no ano para ser o melhor de si, lhe traria tudo que pedisse. Não, não importava o que aquela criatura feita de tudo que é mau, vergonhoso e desagradável no mundo tinha lhe dito, este ano não seria diferente. Mesmo assim, toda vez que falava em sua presença dos presentes que iria ganhar, lá estava aquela monstruosidade a convulsionar os vermes que habitavam o interior de sua face, e vomitar em deboche a mentira, que não, não iria haver natal naquele ano. Mentira odiosa, pois mesmo não tendo passado no seu curso de piano, tinha dado o melhor de si, e nada que sua mãe pudesse falar contra isso, poderia negar a pura verdade que conhecia em seu ser.
Odiosos adultos, com suas mentiras e desgraças. Queriam fazer dele de brinquedo, como se fosse um eterno presente de natal, inanimado, sem alma. Sádicos, a manipular todos os seus passos, a se achar sábios e na capacidade de lhe ditar os caminhos. Isso, enquanto viviam dias miseráveis, entre brigas, palavrões e gritos. O garoto não seria como eles, nem como os outros garotos que conhecia, que se deixavam corromper, a escutar o que aqueles monstros lhes diziam, lentamente se tornando tão debochados e desagradáveis como eles, falando-lhe mentiras, como a que Papai Noel não existia. Manteria-se uma pessoa pura, ignoraria sempre suas intrigas, e nunca se tornaria uma falsidade. Seria sempre o tipo de pessoa a mereceria todos os presentes que Papai Noel lhe haveria de trazer. Pois, só o velho do polo norte podia ver sua verdadeira natureza. Sabia como havia chorado, quando não passou no curso de piano, sabia o quanto havia se esforçado para tirar a melhor nota, mesmo sem obter frutos. Só ele realmente o entendia, só ele não brincaria com seus sentimentos. Assim, faltando duas semanas para o natal, lá foi o garoto colocar sua carta na árvore.
Todas as manhãs, o garoto acordava cedo para ir a árvore de natal e ver se Papai Noel lá já havia estado para levar embora sua carta. E todas as manhãs, lá estava a carta no mesmo lugar em que a havia deixado. Mas o garoto sabia de sua verdade, e sabia que era só uma questão de tempo até que a carta fosse levada. Papai Noel deveria estar com algum problema no polo norte, e por isso atrasara. Os vermes que se convulsionavam na face do monstro não poderiam estar lhe falando a verdade. Ele sabia que eles só o queriam corromper, o deformar até que se torna-se sua semelhança. Porém, faltando cinco dias para o natal, nada mudara, e foi ai que o garoto começou a duvidar. Acordava, corria para a árvore, e voltava para seu quarto para sozinho no escuro derramar lágrimas sobre seu travesseiro. Não podia ser verdade, se indagava, e as lágrimas caiam. Quem sabe, por alguma razão, Papai Noel tivesse lido a carta ali mesmo ao pé de sua árvore, e por isso ela lá ainda estivesse, se questionava, mas isso não impedia as lágrimas de continuar vindo. A cada dia que passava, mais não podia se conter, e simplesmente já começava a chorar quando chegava a árvore. Mesmo assim, isso não mudava a esperança que mantinha consigo toda a manhã ao acordar. Por alguma razão, sempre acreditava a cada novo dia que aquele seria o diferente, e lá sua carta não mais estaria. Nada se alterou. Chegou o natal e, ainda esperançoso, lá foi o garoto com toda sua determinação ver os presentes que tinha ganho. A árvore estava vazia. Não por inteiro, pois lá ainda estava a sua carta a lhe enfeitar. O garoto, com as pernas tremulas, e o rosto encharcado, voltou lentamente para seu quarto para morrer. Não eram só mais lágrimas, era dor, dor no seu estômago, dor em tudo. Ele estava sozinho, completamente sozinho, e nem Papai Noel se importava mais com ele. Não importava que desse o melhor de si, nada poderia mudar esse fato, e ele finalmente o entendera. Tudo não passava de uma mentira.
À noite, o monstro bateu com um de seus tentáculos deformados a sua porta, e expelindo por sua boca mais vergonha e desgraça, chamou o garoto para se juntar na mesa dos esfomiados. Recusou tal convite, simplesmente saiu, pegou a comida e voltou para o seu quarto. Se tinha de morrer sozinho, morreria com honra. Não viveria uma vida de falsidade. Não fingiria sentar numa mesa e acompanhar pessoas, que só queriam alimentar seus próprios egos e não se dizer sozinhas e tristes, quando era só isso que eram. Preferia morrer sozinho em uma ilha, que morrer sozinho no meio de uma multidão. O espírito de natal, os presentes que ganhara anteriormente, eram só uma ilusão, uma ilusão que contara a si mesmo, lhe oferecida de uma ilusão que outros contaram a si mesmos. E esse foi o último natal em que o garoto acreditou em Papai Noel, ou em qualquer outra coisa.
Odiosos adultos, com suas mentiras e desgraças. Queriam fazer dele de brinquedo, como se fosse um eterno presente de natal, inanimado, sem alma. Sádicos, a manipular todos os seus passos, a se achar sábios e na capacidade de lhe ditar os caminhos. Isso, enquanto viviam dias miseráveis, entre brigas, palavrões e gritos. O garoto não seria como eles, nem como os outros garotos que conhecia, que se deixavam corromper, a escutar o que aqueles monstros lhes diziam, lentamente se tornando tão debochados e desagradáveis como eles, falando-lhe mentiras, como a que Papai Noel não existia. Manteria-se uma pessoa pura, ignoraria sempre suas intrigas, e nunca se tornaria uma falsidade. Seria sempre o tipo de pessoa a mereceria todos os presentes que Papai Noel lhe haveria de trazer. Pois, só o velho do polo norte podia ver sua verdadeira natureza. Sabia como havia chorado, quando não passou no curso de piano, sabia o quanto havia se esforçado para tirar a melhor nota, mesmo sem obter frutos. Só ele realmente o entendia, só ele não brincaria com seus sentimentos. Assim, faltando duas semanas para o natal, lá foi o garoto colocar sua carta na árvore.
Todas as manhãs, o garoto acordava cedo para ir a árvore de natal e ver se Papai Noel lá já havia estado para levar embora sua carta. E todas as manhãs, lá estava a carta no mesmo lugar em que a havia deixado. Mas o garoto sabia de sua verdade, e sabia que era só uma questão de tempo até que a carta fosse levada. Papai Noel deveria estar com algum problema no polo norte, e por isso atrasara. Os vermes que se convulsionavam na face do monstro não poderiam estar lhe falando a verdade. Ele sabia que eles só o queriam corromper, o deformar até que se torna-se sua semelhança. Porém, faltando cinco dias para o natal, nada mudara, e foi ai que o garoto começou a duvidar. Acordava, corria para a árvore, e voltava para seu quarto para sozinho no escuro derramar lágrimas sobre seu travesseiro. Não podia ser verdade, se indagava, e as lágrimas caiam. Quem sabe, por alguma razão, Papai Noel tivesse lido a carta ali mesmo ao pé de sua árvore, e por isso ela lá ainda estivesse, se questionava, mas isso não impedia as lágrimas de continuar vindo. A cada dia que passava, mais não podia se conter, e simplesmente já começava a chorar quando chegava a árvore. Mesmo assim, isso não mudava a esperança que mantinha consigo toda a manhã ao acordar. Por alguma razão, sempre acreditava a cada novo dia que aquele seria o diferente, e lá sua carta não mais estaria. Nada se alterou. Chegou o natal e, ainda esperançoso, lá foi o garoto com toda sua determinação ver os presentes que tinha ganho. A árvore estava vazia. Não por inteiro, pois lá ainda estava a sua carta a lhe enfeitar. O garoto, com as pernas tremulas, e o rosto encharcado, voltou lentamente para seu quarto para morrer. Não eram só mais lágrimas, era dor, dor no seu estômago, dor em tudo. Ele estava sozinho, completamente sozinho, e nem Papai Noel se importava mais com ele. Não importava que desse o melhor de si, nada poderia mudar esse fato, e ele finalmente o entendera. Tudo não passava de uma mentira.
À noite, o monstro bateu com um de seus tentáculos deformados a sua porta, e expelindo por sua boca mais vergonha e desgraça, chamou o garoto para se juntar na mesa dos esfomiados. Recusou tal convite, simplesmente saiu, pegou a comida e voltou para o seu quarto. Se tinha de morrer sozinho, morreria com honra. Não viveria uma vida de falsidade. Não fingiria sentar numa mesa e acompanhar pessoas, que só queriam alimentar seus próprios egos e não se dizer sozinhas e tristes, quando era só isso que eram. Preferia morrer sozinho em uma ilha, que morrer sozinho no meio de uma multidão. O espírito de natal, os presentes que ganhara anteriormente, eram só uma ilusão, uma ilusão que contara a si mesmo, lhe oferecida de uma ilusão que outros contaram a si mesmos. E esse foi o último natal em que o garoto acreditou em Papai Noel, ou em qualquer outra coisa.
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