Contos de Fada Eróticos no Rio de Janeiro: O traficante de Zô - Parte I

Bem-vindo a série de Contos de Fada Eróticos no Rio de Janeiro. Começando com uma adaptação do Mágico de Oz.

Obs.: Aviso para quem for fresco, o texto tem partes que podem ser consideradas pornográficas e violentas.

Num bar esquina da Riachuelo com a Lavradio, Dornélio vira o oitavo copo. Fica na cerveja, quer se embriagar, mas não quer arruinar a sua performance no fim da noite. Não tem o mínimo interesse de estar ali, não foi sua ideia, foi dela. Por ele, já estaria em sua cama nesse exato momento comendo ela. Mas não, ela quer aparentar que eles têm realmente uma relação, ela quer sair e beber com os amigos, falar, falar e falar. Não a suporta, não suporta sua voz, seu perfume, qualquer coisa que saia de sua boca, essa só é boa para uma coisa, chupar o seu pau e nada mais. Vive numa luta interior, de um lado, quer a ignorar, parar de atender seus telefonemas, parar de marcar encontros, por outro adora seu corpo, precisa devorá-lo, degustá-lo, digeri-lo. A Megera, como a chama para si próprio, é um acidente da natureza, chata, terrivelmente chata, porém linda, insuportavelmente linda. Linda boca, lindo decote. Sim, podia achar com facilidade outras para comer com certa freqüência, mas o mesmo não poderia ser dito sobre os seus peitos. Como poderia achar com tanta facilidade peitos enormes como aqueles, brancos como a neve, e ainda mais pertencentes a um corpo tão magro, fino, esbelto. Seios como aqueles são únicos. Que horror que para tê-los, tem de estar com ela. Aguentar todas as besteiras que saem de sua boca, para poder chupá-los, para poder meter forte naquele corpo magro, tão bem dotado. Sua bunda, outro destaque, branca, macia, pelo menos quando mete nela, ela só geme, geme e deixa de ser aquela chatice viva. E também tem suas mãos, na verdade, talvez nem sejam seus seios que espantem mais a Dornélio, são suas mãos. Como alguém daquele jeito pode ter mãos tão finas e delicadas. É um desperdício que ela só sirva para comer e nada mais.

Quanto mais ela fala, mais ele bebe. Ao fim da noite sua mente gira como um tufão, se despedem dos amigos, partem para o apartamento. Podem andar até lá, pelo menos ele acha que sim, ela não, mas aceita. Andam pelas ruas alaranjadas do centro do Rio de Janeiro, andam por ruas que lentamente vão se desertificando ao passo que se afastam da zona dos bares. Agarrado a ela pela cintura, no meio do caminho se cansa de andar, e a joga contra uma parede, afundando a cabeça em seus seios. Beija-os, lambe-os, quer já mamá-los. Mas apesar de gemer, ela não quer na rua, só no apartamento poderá chupá-los. Ela não gosta da onde ele vive, acha muito pobre e caído, mas aceita porque gosta de ser fodida por ele. Ainda estão na metade do caminho para seu apartamento. Esse foi o melhor que pode achar perto de um metrô, fica nas periferias do centro, onde o aluguel ainda está baixo. Para ele é perfeito, não paga muito, só tem como vizinhos velhos que estão bêbados demais de passar o dia no bar para fazer algum barulho, e tem sua janela virada para um prédio abandonado, em vez de para o trânsito da rua. É o que pode pagar na sua vida de artista, de bicos em tudo que seja possível imaginável, de escritor, de ator, de promotor de festas. Ela, a Megera, vive em Ipanema, mas não gosta de ir com ele para lá, porque é tímida e não gosta que sua colega de apartamento escute seus gritos. É sustentada pelo pai rico de Belo Horizonte. Não gosta da onde ele vive, não gosta de como não se importa com as coisas, não gosta de como critica seu perfume e não a acompanha nas conversas, como sempre as faz virar para o que lhe interessa, porém gosta de como a fode, poucos fodem como ele, na verdade nenhum outro que tenha conhecido. Mais uma vez a joga contra a parede, dessa vez para morder seu pescoço e apertar a sua bunda. Ela pára, vê pessoas vindo na direção deles.

Dois pivetes vêm na direção contrária a deles, Dornélio não se importa, não faz o tipo que alguém se meteria, ela tem medo, ele lhe assegura que isso é frescura. Porém, eles vêm para cima dos dois, um com um celular tocando funk, o outro empunhando uma arma contra eles. De todas às noites que passou a perambular pelo Rio, de todos os becos escuros que entrou, de todas as histórias de assaltos que escutou, essa é a primeira vez que alguém aponta uma arma para Dornélio. E ele não sabe o que fazer, fica estático. Tem vontade de bater neles, mas sabe que não pode, não é rápido o suficiente. Enquanto um aponta a arma, o outro vem pegar seu dinheiro. Falam, gruem, no meio do barulho do funk. Falam corrido, errado, com fúria, com tom de comando, num misto de arrogância de quem sabe que tem o poder da situação, mas ao mesmo tempo sabe que está excluído da sociedade normal e encara essa como a sua chance de ser alguém. Suas aparências não lhe dizem nada, mas aquele linguajar errado, aquela arrogância forçada de alguém que sabe que está na lama, causam um nojo em Dornélio. Lembram-no de seu ódio dos funqueiros, de todos eles, escutando seu lixo no máximo e falando besteira para todos os lados nos lugares que passa, dessa gente gritando no ônibus, no trem, na rua, gente que sabe que está no lixo, na miséria, mas que não levanta um dedo contra isso, só mantêm o ciclo de podridão, só se fazem notar, se notar gritando se aceitando como lixo. Dornélio tem de conviver com isso durante horas esmagado em ônibus e trens superlotados, essas pessoas feias, deformadas por um estado já além desespero, que o fazem sentir nojo por onde está, que o fazem se sentir um fracassado por estar dividindo o mesmo espaço que eles, um fracassado como eles, ou pior, porque tem consciência disso, e deveria estar se esforçando mais para dali sair. E pegam sua carteira, e pegam a bolsa dela, acompanhada de um pacote de compras suas, e chamam ela de putinha. O que não está com a arma coloca tudo em uma mochila e vai ver o que tem no pacote da Megera. É um tênis, um tênis rosa shock. O com a arma começa a gozar da cara do outro, falando que aquele é para ele, e depois apontando mais a arma para testa de Dornélio, o manda tirar seus tênis. Seus olhos arregalados de arrogância, vão aumentando cada vez mais o ódio e nojo de Dornélio. Mas a arma está em sua cara, nada pode fazer. Ele tira os tênis, e o outro começa a guardá-los em sua mochila. Ela está muito cheia, ele tem de socá-los lá dentro. O que faz o da arma o repreender, ou seja, virar para o lado, para o outro, para mochila. Dornélio desvia sua cara da arma, segura o braço dele e lhe dá uma joelhada no saco. O tufão, o girar, o ódio, o nojo, tomam Dornélio. A arma cai, começam a lutar por ela, trocam socos, há um disparo, mas não é atingido, finalmente Dornélio o domina, e começa a socar sua cara. Porém, não soca o pivete, soca todos que o infernizavam em todos aqueles lugares. Soca-o exponencialmente, até seu punho se afundar para dentro do crânio dele. Pára, quando não vê mais sentido naquilo, quando o tufão adormece. Dornélio levanta, libera mais um pouco da raiva chutando violentamente a carcaça, e depois olha aos arredores. O outro pivete fugiu, a Megera está caída num canto baleada.

Um tiro abaixo do peito direito, está morrendo. Ele agarra-a em seus braços, ela chora, não quer morrer. Ele está desesperado, não sabe o que fazer. Ela morre. Ali com o seu cadáver ainda quente em seus braços, Dornélio é tomado por um remorso, se sente culpado pelo que aconteceu. Vê como a suja com o sangue do pivete em suas mãos, até mais do que o proveniente do buraco de bala, se sente a imaculando. Dá-lhe um último beijo, e depois deparado ali com aqueles peitos ainda quentes, tão pertos do seu rosto, mama neles. Mama e mama, não sabe quanto tempo, até entrar um pouco de sobridez na sua cabeça. Ao acabar se vê entre o corpo de sua bela Megera e o corpo desfigurado do pivete. É tomado pelo medo, pela incerteza, pela paranóia. Sim, reagira em auto-defesa, mas como poderia explicar a fúria com que tinha destroçado aquele pivete. E ainda mais, isso é Brasil, e se fosse menor de idade, poderia ser caçado por suas ações. A polícia provavelmente gostaria do que visse, mas como ele poderia ter certeza que também não iriam querer explorá-lo de alguma forma. Ou quem sabe algum advogado querendo chamar atenção. Não tinha dinheiro, seria um alvo fácil. Não quer ser preso, a prisão seria como viver para sempre apertado num daqueles trens que tanto odeia, com aquela gente que lhe enoja. Não duraria uma semana, certamente seria morto começando uma briga. Deve fugir, inventar uma desculpa, fazer alguma coisa para não se ver associado aquilo tudo. Sim, pode falar que eles brigaram, ele e a Megera, é ela partiu para outra direção. Sim, brigaram, se separaram, ela foi assaltada e morreu. O que houve com o pivete? Quem sabe, talvez algum rival estava passando por ali na hora. Talvez tivessem disputado a possibilidade de estuprá-la. Mas é isso, brigaram e ela se foi, só isso seria o que saberia. Dornélio olha para os lados, para ver para onde vai, nota que está descalço. O outro pivete fugira com seus tênis, só a sacola dela de compras ficara no chão. Bate em sua cabeça ao pensar no outro pivete: sua carteira, sua identidade, está com ele. Acabou, está arruinado, se a polícia não o pegar, o outro pivete poderá lhe encontrar e acabar com ele com a ajuda de sua gangue. Dornélio senta na calçada, sem saber o que fazer, se entrega ao desespero. De trás de si, vem uma voz “Você não sabe o bem que você fez, bebê!”. Vira assustado, é um travesti, pelas suas roupas: top, saia curta, saltos altos, toda de azul; só pode ser também uma prostituta. “Esse pilantra, filha da puta, em que você fez esse trabalho de arte, era odiado por muita gente! Você não sabe o bem que você fez!” “Não faz diferença. O outro levou minha carteira, logo vai juntar gente para acabar comigo. Droga, eu só quero ir para casa em paz!” “Ah... não fica assim, não, bebê. Quer um cigarro?” “Não, não fumo esse tipo de coisa.” “Você não tem de se preocupar. Eu vi tudo, eu vi como eles atacaram vocês, como mataram a sua namoradinha. Você mamando nela enquanto ela morria foi a coisa mais linda que já vi! Eu vou te ajudar!” “Vai me ajudar a explicar tudo para polícia?” “Ai... bebê, não fala uma besteira dessas. Polícia só tá ai para arruinar a gente. Quem pode te ajudar é gente de confiança mesmo, gente que você pode realmente contar!” “Quem? Eu faço tudo para poder acabar com isso e voltar para casa com tranqüilidade.” “A única pessoa que sei que pode acabar com tudo isso em um segundo é o grande traficante de Zô! Te garanto, ele é gente boa, e você acabou de matar, um pivetinho, filho de uma puta, que ele odiava. Tenho certeza que ele pode te ajudar a recuperar a sua carteira e apagar tudo isso que aconteceu, para que você possa voltar para casa com tranqüilidade.” “Ok, onde posso encontrá-lo?” “É só você seguir o caminho de mijo até o morro do Zô. Chegando lá é só falar que foi a Fadona Azul do Ceará que te mandou, que ele vai te receber de braços abertos, ainda mais depois de você contar quem você matou: o Zé Perverso!”. Dornélio acha a história meio estranha, mas não se vê com outra opção, decide então seguir pelo caminho do mijo até o grande traficante de Zô.

Dornélio pronto para seguir, porém descalço, só vê uma possibilidade para andar por aquelas ruas, colocar os tênis rosa shock que a Megera havia comprado. Só isso o outro pivete deixara. Ela só era um número abaixo do dele, logo não seria muito problema. Ele coloca os tênis, entram muito bem. E lá vai Dornélio pelo caminho do mijo com os tênis rosa shock.

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Uma versão erótica e violenta do Mágico de Oz passada nas ruas do Rio de Janeiro. Dornélio, após ser tomado por um tufão de pivetes na Lapa, é enviado pela Fadona Azul cearense, através dos caminhos dourados do mijo que levam a favela do Zô, para encontrar o grande traficante do Zô. Conhecendo no caminho Maria da Palha, Roberta Autômata e Leona.


2 comentários:

fabio araujo disse...

Muito Show!

Vinicius disse...

Achei muito bom...